quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Júbilo das Energias de Jorge


Tomado por alegria, pela oportunidade de 4 Jorges em nome de Jorge, saí da terra mais firme e fui pra mais perto da areia. Na orla, os pivetes acreditando mais no valor da minha câmera do que nos milagres. Jorge quero o sonho do registro e a morte de dragões do longo prazo. Estes, os difíceis. Me senti bronzeado estando vestido e suado, estando ao vento frio diante de tua presença, grande esperança da luta humana, forma tropical de se aproximar dos faróis maiores da humanidade que resistem aos terremotos, às ondas, aos erros e acertos hesitantes de todos nós. Neste momento me sinto tudo: a fera serpenteante, a lança que vara, o herói que prevalece. Tenho todos dentro de mim e ardo pela oportunidade de uma outra tarde juntá-los como futuro vitorioso, que sobrevem e esmaga a incompreensão do que vejo no presente.

Jorjornalismo

Uma madrugada para Jorge. Uma manhã também. Fogos ao longe e uma longa fila para mostrar sua reza. Uma jornalista para Jorge, ou duas. Ou nenhuma das duas era jornalistas. Ou eram sambistas fotógrafas que comigo encostaram. Um fotógrafo acompanhado de oração: eu. Samba, oração, organização, camelôs-bambas com santinhos, fitas, cordões, broches, faixas, toucas, anéis e tudo isso: junto ou separado, com cerveja, com devoto, com passantes, com policiais, com carros, com vermelho, com branco, sem as cores de Jorge, sem a curiosidade por Jorge, com São ou sem São na própria alma. Sentados, em ginga, com música e com ar apenas vibrando na imaginação, sem-nomes e os com sobrenome: todos ali -dentro e fora da foto- vivendo o dia de São Jorge. Vi velas acesas em torno da Igreja, entrei e vi o azul.

domingo, 8 de julho de 2007

Amores não-contíguos


Fico pensando que muitas vezes amamos nosso próximo e esquecemos que somos um país, e que temos outros conjuntos de próximos, e que além dos nossos vizinhos temos mais. Uma pessoa com outros costumes, outra forma de caminhar, de se apresentar, de saudar. Quando esta pessoa se sente em perigo no seu país, ela tenta escapar, proteger-se tornando-se um refugiado. Somente um coração que tem espaço de entendimento pode conceber tal auxílio pois temos pobres brasileiros que merecem a mesma atenção, investimento e respeito. Porém às vezes podemos ousar e mostrar que não limitamos o amor a nossas fronteiras e que guerras são situações extremas. Temos uma guerra civil aqui no Rio mas qual país ofereceu asilo aos nossos pobres vitimados pela violência? Será que não somos dignos de amor também?

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Manifesto do Poente Urbano


Calcularei sim, a área de luz sugada, percorrendo não com os olhos, mas com as vísceras, o facho de sol ainda intenso nas profundezas. Entra na conta cada laranja inter-predial e preso pela sombra das grades, amarelos furtados pelas antenas-agulhas e parabólicas e aquele azul mediador da noite. Patamares invertidos, faixas de penumbra, como uma cavidade de quadrados e cubos subpostos, triângulo-cone invertido de pixels-contornos grosseiros. Desfiro ampliações de cálculo para cada raio que escapou para as janelas. Quero definitivamente a luz, a vulcânica fagulha escapando rumo às calçadas, às montanhas, fugitiva de mim, com quem me racionalizo, sob a qual perdi o igual em mim e ardi sem astúcia.

sábado, 9 de junho de 2007

Sereno

Como película, desdobra-se tênue pela paisagem, o amanhecer. Levemente amarelo móvel o ente arma o elo, veementemente. Abraça a luz ascendente que chega rente e deixa pra trás a treva boba e demente. Semente acampa no céu e põe no mapa sem ente a ama néo. Obra-se o vento-luz e tapam o mês e o ano. Pomo verde sustenta a divisa da era e almeja novidades nas cores das arestas, das frestas, dos frescores.